Preço do café dobra e perspectiva de queda fica apenas para 2026
Alívio no bolso pode começar a ser sentido já no segundo semestre. Se as floradas de setembro e outubro forem favoráveis e as colheitas de 2026 se confirmarem boas, o mercado pode ver um alívio temporário nos preços. Ainda assim, a diretora da OIC avalia que a queda pode ser apenas parcial, já que os custos estruturais devem permanecer elevados.
A pergunta “quando o café vai voltar ao preço normal?” talvez esteja mal formulada. Para especialistas e produtores, o que estamos vendo é uma nova realidade de toda a cadeia de produção. À rotina dos cafeicultores se incorporaram rapidamente algumas exigências do mercado, como rastreabilidade, certificações, métodos sustentáveis e a adaptação às mudanças climáticas. Tudo isso somado encarece a produção.
O conceito de preço normal precisa ser atualizado. O novo normal do café deve incorporar esses fatores estruturais e refletir o verdadeiro valor da cadeia.
Vanusia Nogueira, diretora-executiva da OIC
Saca de 60 quilos de café foi vendida pelo preço médio de R$ 2.382,57 em maio. A cotação foi verificada em uma das maiores cooperativas de café do Brasil, a Cooxupé, em Guaxupé, Minas Gerais. No mesmo mês do ano passado, ela era comercializada por R$ 1.186,17. Ou seja, mais do que dobrou em 12 meses. Em maio de 2021, o preço era R$ 811,06.
Produtores e comerciantes sentem os efeitos negativos. Em Franca (SP), Bruna Malta, produtora rural e dona da cafeteria Olinto, ao lado do marido, José Tadeu Oliveira, resumem a sensação adversa. “Seria ótimo aproveitar esses preços altos, mas não há café para vender. Quem conseguiu colher e estocar está se dando bem. A maioria não teve essa sorte”, afirma ela.
Custos de produção já estavam altos antes da disparada dos preços. Malta atribui a situação ao preço dos fertilizantes. “Hoje conseguimos alguma margem porque o custo se manteve e o preço subiu”, revela. Ela, no entanto, se mantém cautelosa. “Tudo depende da florada. Se o clima ajudar agora e em 2026, os preços podem começar a recuar. Até lá, ainda vamos sentir no bolso.”
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