Inadimplência no consignado privado passa de 10% e acende alerta

As taxas praticadas variam de 3% a 7% dependendo da instituição e do perfil de cliente — acima da versão anterior do consignado privado, que era da ordem de 2,9%. Além de ser uma operação de maior risco, as instituições alegam que as taxas devem baixar na medida em que os problemas operacionais forem sanados e o nível de inadimplência ficar mais claro.

“A alta inadimplência observada no pagamento da primeira parcela dos contratos tem impactado as taxas praticadas. Grande parte dessa inadimplência decorre de falhas operacionais das empresas no processamento dos débitos — cenário que tende a melhorar nos próximos meses, com o amadurecimento e aprimoramento dos processos de gestão das folhas de pagamento”, diz o Alex Gonçalves, diretor de Crédito Consignado da Associação Brasileira de Bancos (ABBC). As taxas observadas pela associação neste início de programa variam de 10% a 15%.

Para a ABBC, além da resolução dos problemas operacionais na gestão do repasse pelas empresas, as taxas tendem a baixar com a implementação das fases de portabilidade do crédito e de refinanciamento, que devem entrar em vigor a partir de 5 de agosto. Também está pendente de implementação a efetiva operacionalização da garantia do FGTS.

O programa se apoia na concorrência para estimular a redução de taxas. A carteira digital de trabalho funciona como um market place onde as instituições fazem suas ofertas. Hoje são quase 70 instituições habilitadas, mas só 40 operando efetivamente — e algumas ainda em modo cautela.

“Projetamos elevação das concessões a partir do segundo semestre, com redução gradual das taxas, quitação de dívidas mais caras e acirrada concorrência no mercado”, diz Gonçalves.

A ABBC estima que os volumes mensais de novos contratos, hoje na casa de R$ 4,8 bilhões, alcance R$ 10 bilhões quando o programa estiver mais maduro — com a carteira na ordem de R$ 200 bilhões. O consignado do INSS tem hoje uma carteira de R$ 285 bilhões.