Zinco não tem comprovação para aumentar ejaculação – 11/09/2025 – Equilíbrio e Saúde
Nas redes sociais, repercutiu um debate sobre o consumo de zinco por homens para aumentar o volume do sêmen e, assim, melhorar a performance sexual.
No X (antigo Twitter), um usuário comentou que “não acredita que a moda agora seja tomar zinco só pra gozar muito”. Uma pessoa que diz trabalhar em farmácia respondeu que “agora faz sentido o tanto de gente pedindo zinco”. Em outras interações, usuários brincaram dizendo que a performance “já está indo longe demais” e que pessoas de São Paulo são “as pioneiras em usar substâncias para os mais diversos fins”.
No entanto, especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que não há evidências científicas de que tomar zinco realmente faça o homem ter ejaculação em maior quantidade. O que não significa que o zinco não seja importante para a saúde reprodutiva masculina.
O urologista Tiago Serra, do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, explica que o zinco é um mineral essencial para a saúde dos homens. Ele ajuda na maturação dos espermatozoides, na produção de testosterona, tem ação antioxidante —preservando os espermatozoides— e está presente em alta concentração no sêmen. A deficiência de zinco pode afetar o bom desempenho dessas funções, além de reduzir a fertilidade e a imunidade.
“É importante quantificar o déficit do zinco para ajustar um planejamento da sua reposição. Mas é importante lembrar que o suplemento só ajuda mesmo quem tem deficiência. Para quem já possui níveis normais, o zinco extra dificilmente vai trazer aumento no volume da ejaculação”, explicou.
Segundo Leonardo Borges, urologista do Einstein Hospital Israelita, até o momento não há evidência científica robusta de que o zinco aumente o volume do sêmen em homens saudáveis. Pequenas pesquisas com homens que têm problemas de fertilidade mostraram alguma melhora, mas o maior estudo controlado descartou esse benefício, disse médico.
Por outro lado, o excesso de zinco também faz mal. “Doses acima de 40 miligramas ao dia, ingeridas de forma contínua, podem provocar deficiência de cobre, anemia, alterações neurológicas e sintomas gastrointestinais, como náuseas e dor abdominal”, afirma Borges.
Mais importante do que buscar ‘aumentar o volume’, é garantir que o sêmen seja saudável
A recomendação dos especialistas é suprir a necessidade natural de zinco por meio de uma alimentação balanceada, incluindo carnes vermelhas, frango, frutos do mar, laticínios, castanhas, cereais e leguminosas.
Nas redes, um dos internautas chegou a chamar de “estúpida” a atitude de quem coloca a própria saúde em risco apenas para aumentar o volume da ejaculação.
Além do quesito suplementação, os especialistas concordam que o estilo de vida tem papel importante na saúde do sêmen. Obesidade, estresse, uso de álcool e tabaco afetam muito a produção tanto de espermatozoides quanto de testosterona.
Por outro lado, fazer exercícios regularmente, ter alimentação equilibrada e evitar excessos são formas naturais de manter a produção seminal em dia.
E para quem pensa que segurar a vontade pode ajudar, a boa notícia é que manter um intervalo razoável de abstinência sexual pode, sim, aumentar o volume da ejaculação.
“O tempo entre uma relação e outra influencia na quantidade de sêmen liberada, porque o organismo precisa repor o material,” diz Borges.
Já sobre a velha história do abacaxi mudar o sabor do esperma, os especialistas concordam que não existe estudo científico conclusivo, mas que a alimentação pode influenciar sim o gosto. Frutas doces e cítricas podem suavizar, enquanto alho, cebola e café às vezes deixam um sabor mais amargo.
“Isso ocorre porque metabólitos [substâncias produzidas durante o metabolismo] dos alimentos chegam às secreções corporais, incluindo o sêmen, embora a questão seja mais anedótica que científica”, explica Borges.
No universo feminino, a ginecologista Paolinne Silva, do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, explica que o zinco ajuda no crescimento do corpo e na imunidade, sendo também importante durante a gravidez.
Diferente do que alguns podem imaginar, a suplementação oral de zinco não melhora a lubrificação vaginal.
“A lubrificação vaginal é um processo fisiológico complexo, regulado primariamente por fatores hormonais e neurológicos, e não diretamente pelo zinco”, explica Ana Paula Beck, ginecologista do Einstein Hospital Israelita.
A excitação sexual também desempenha um papel fundamental, ativando o sistema nervoso parassimpático, que aumenta o fluxo sanguíneo para a região pélvica e promove a lubrificação nas mulheres
Segundo Beck, existem alternativas, com evidências científicas, que ajudam na lubrificação, como lubrificantes à base de água ou silicone, além de hidratantes vaginais para manter a umidade da mucosa.
O uso de gel vaginal com zinco tem mostrado benefícios para mulheres na menopausa que sofrem com ressecamento, segunda Silva, do Sírio-Libanês.
“É importante identificar a causa da falta de lubrificação na mulher, que pode incluir questões infecciosas e hormonais. O tratamento mais adequado varia para cada paciente, e pode incluir pomadas vaginais, reposição de hormônios ou até o uso de tecnologias, como o laser vaginal”, diz.
Share this content:



Publicar comentário