A Novo Nordisk cortou pela metade o preço do Ozempic nos Estados Unidos para pessoas que não têm acesso ao remédio por meio de plano de saúde e passou a oferecê-lo com entrega em domicílio, em meio à pressão do governo de Donald Trump por preços mais baixos e maior venda direta.
As ações do grupo dinamarquês subiram 6% depois de a empresa anunciar que reduziria o custo de um mês de tratamento do seu medicamento de sucesso contra diabetes e obesidade para US$ 499 (R$ 2.711), ante cerca de US$ 1.000 (R$ 5.433) pagos por pacientes sem plano.
O corte ocorre enquanto a Novo e sua principal rival no setor de medicamentos para emagrecimento, a americana Eli Lilly, já perderam US$ 252 bilhões em valor de mercado neste ano por causa de preocupações com tarifas, controles de preços, concorrência acirrada e a proliferação de versões genéricas.
A redução, no entanto, atingirá apenas uma pequena parcela de pacientes nos EUA: a própria Novo já informou que 98% dos usuários de Ozempic o obtêm via seguro de saúde, pagando US$ 25 (R$ 135) ou menos.
A divisão farmacêutica da empresa, a NovoCare, também passará a oferecer o Ozempic pela primeira vez com entrega em casa. As vendas diretas ao consumidor têm sido uma prioridade da Casa Branca.
A Novo acrescentou que planeja disponibilizar o Ozempic e o Wegovy, outro medicamento para emagrecimento, por meio da empresa de telemedicina GoodRx. As ações da GoodRx dispararam 35% após o anúncio.
A redução de preço representa uma vitória para o presidente Donald Trump, que tem criticado as farmacêuticas pelos altos preços nos EUA.
Em março, a Novo Nordisk já havia baixado o preço do Wegovy para US$ 499. O Ozempic é usado principalmente no tratamento do diabetes, mas também é eficaz na perda de peso.
No início do ano, a companhia encerrou uma parceria com a americana Hims & Hers, de telemedicina, acusando-a de comercializar de forma enganosa versões “genéricas” de seus medicamentos para emagrecimento.
A disputa envolve os chamados medicamentos “manipulados”, produzidos em farmácias a partir dos ingredientes ativos das versões originais.
Essas versões alternativas se espalharam após o governo americano declarar, em 2022, escassez oficial de medicamentos de marca para obesidade e diabetes. A falta foi considerada resolvida neste ano, obrigando farmácias a interromper a venda.
A Novo Nordisk estima que cerca de 1 milhão de americanos estejam tomando versões manipuladas do Ozempic. Neste mês, a FDA (agência reguladora dos EUA) publicou um alerta de segurança sobre o uso de medicamentos manipulados e não aprovados para emagrecimento.
Na semana passada, a Eli Lilly anunciou que elevaria em 170% o preço no Reino Unido do Mounjaro, seu remédio para emagrecimento. Trump acusou países europeus de serem “aproveitadores”, já que, segundo estudo da Rand Corporation, os preços de remédios nos EUA são quase três vezes mais altos do que em muitas outras economias desenvolvidas.
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