Com o INSS, antigos representantes do meio sindical parecem ter encontrado um novo meio de subsistir.
Em 2019, acendeu-se um alerta de fraude em Brasília e houve uma tentativa de coibir minimamente a farra: a edição de uma Medida Provisória estabelecendo que os aposentados precisariam confirmar a autorização do desconto anualmente. Mas o Congresso Nacional afrouxou a tentativa de controle ao alterar a redação para que essa revalidação fosse feita a cada três anos, sendo a primeira prevista só para 2025.
O INSS ainda não conseguiu cumprir a promessa de campanha de Lula de zerar a fila de análise de novos benefícios, mas não faltou empenho para firmar convênios e acordos de cooperação com associações, sindicatos e instituições financeiras, franqueando acesso aos dados e à folha dos aposentados e pensionistas.
A política de convênios não apenas lesou os segurados, como sobrecarregou os próprios funcionários do INSS, que tiveram que lidar com uma enxurrada de pedidos de exclusão. Somente de janeiro a maio do ano passado, segundo auditoria interna do INSS anexada à investigação da PF, o órgão recebeu 1,9 milhão de pedidos de exclusão de descontos indevidos.
O então presidente do INSS Alessandro Stefanutto, demitido após a deflagração da operação, tentou lidar com essa sobrecarga criando um “sistema simples de retirada do desconto na hora”. Finalmente, o cidadão que descobre um desconto indevido pode entrar no sistema do Meu INSS e bloquear descontos futuros, sem precisar perder tempo no canal de reclamação. Ufa!
E o cidadão que não descobriu o desconto pois tem idade avançada, saúde debilitada ou não é digitalmente letrado?
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