Contraceptivos que seriam destruídos estão armazenados – 13/09/2025 – Equilíbrio e Saúde

Contraceptivos e medicamentos financiados pelos Estados Unidos avaliados em quase US$ 10 milhões permanecem em um armazém belga, apesar de relatos sobre sua destruição, disse um porta-voz do governo em comunicado nesta sexta-feira (12).

Fontes informaram à Reuters, em julho, que os contraceptivos, originalmente destinados a nações pobres, seriam incinerados depois que Washington rejeitou ofertas da ONU (Organização das Nações Unidas) e organizações de planejamento familiar para comprar ou enviar os suprimentos a países pobres.

Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA confirmou posteriormente que o governo americano planejava gastar US$ 167 mil para incinerar os estoques em uma instalação na França que lida com resíduos médicos.

O governo belga tem se engajado em esforços diplomáticos para impedir a destruição. As leis locais em Flandres, que tem seu próprio governo, proíbem a incineração de medicamentos e dispositivos médicos que foram armazenados adequadamente e ainda são utilizáveis, mesmo que o descarte aconteça em outro país.

Na manhã desta sexta-feira, o Ministro do Meio Ambiente de Flandres, Jo Brouns, responsável pelo assunto, enviou uma equipe de inspeção ao armazém em Geel, localizado na província de Antuérpia, após uma reportagem do New York Times informar que os suprimentos haviam sido destruídos.

“A Divisão de Fiscalização do Departamento de Meio Ambiente realizou inspeções no local nesta manhã e confirmou que nenhum carregamento foi transportado para incineração”, disse o porta-voz de Brouns.

As autoridades flamengas exigiriam um pedido do governo dos EUA para que tais itens fossem incinerados.

“Até o momento, tal derrogação não foi solicitada e, portanto, não foi concedida”, disse o porta-voz. Ele também acrescentou que, se fosse concedida, uma taxa adicional seria aplicada pela quantidade de resíduos incinerados.

O Departamento de Estado dos EUA não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

PLANEJAMENTO FAMILIAR

Os suprimentos estão retidos há meses no armazém em Geel após a decisão do presidente Donald Trump de congelar a ajuda externa dos EUA, em janeiro.

Os suprimentos, avaliados em US$ 9,7 milhões, têm prazo de validade entre abril de 2027 e setembro de 2031, de acordo com um documento interno que lista os estoques do armazém e verificado por três fontes.

Eles incluem implantes e pílulas contraceptivas, bem como dispositivos intrauterinos (DIU) para ajudar a prevenir gravidezes indesejadas, segundo as fontes e uma captura de tela vista pela Reuters confirmando a destruição planejada.

A organização de direitos reprodutivos PAI, com sede nos EUA, disse nesta sexta-feira que a decisão de incinerar os suprimentos era “chocante”.

“A administração Trump tem sido intencional e explícita em tentar limitar o acesso a coisas como pílulas, injetáveis e DIUs. Eles têm visado o planejamento familiar e a saúde reprodutiva desde o primeiro dia, e isso reflete uma ideologia imposta por poucos, às custas de milhões”, disse Nabeeha Kazi Hutchins, presidente e CEO da PAI, à Reuters.