Gol sai do Chapter 11 mirando expansão internacional
É a volta do foco na operação.
Estou na empresa há mais de 20 anos, acompanhei a história da Gol lá do começo. A gente teve altos e baixos. Tivemos a integração com a Varig, com a Webjet, crise econômica em 2015. E coisas boas também. Atraímos o passageiro mais premium. E hoje somos uma companhia que é a primeira para todos: do passageiro mais premium àquele que está voando da primeira vez. A gente consegue dentro do mesmo avião segmentar bem isso. Ou seja, o Gol evoluiu muito. Mas para recuperar a essência, a gente precisava retomar retomar a capacidade de investimento para promover esse círculo virtuoso. E com o Chapter 11, a gente conseguiu dar um reset nessa inércia de legados que iam se arrastando e endereçamos questões acumuladas. E acho que essa é a maneira com que o Chapter 11 está sendo encarado pela indústria brasileira, agora que todas passaram ou estão passando por isso. É uma grande oportunidade de reestruturação que vai muito além da reestruturação financeira propriamente, a qual foi bem-sucedida. A Corte americana consegue criar um ambiente efetivo para uma reestruturação. Diferentemente de um processo que você faz e depois tem que refazer a cada 2 anos.
Vocês, assim como a Azul, relutam muito em entrar no Chapter 11. Você se arrepende de não ter feito antes?
Difícil falar. As condições eram outras. A Abra (holding dona da Gol e da colombiana Avianca) foi criada entre a pandemia e o período em que a gente entrou no Chapter 11. E fazer parte do grupo Abra hoje é fundamental para que a gente consiga ter escala, para competir a nível internacional. Hoje eu vejo que a gente acabou caindo no momento certo. Talvez a gente não tenha encontrado as mesmas condições de negociação que algumas empresas encontraram durante a pandemia. Naquela época aviões estavam parados. E essa era a nossa principal dúvida: o mercado estava aquecido. Será que iriam pegar os nossos aviões?
A negociação com os arrendadores foi melhor do que o esperado?
Teve aquele temor inicial de perder aviões. Mas passados os primeiros seis meses, as coisas começaram a contar a favor de ter entrado no momento em que entramos. Pois a demanda já tinha voltado. As empresas que entraram na época do Covid passaram por incertezas. Elas apresentavam um plano, mas ninguém sabia como a demanda iria reagir. E nos três trimestres consecutivos desde que aprovamos o primeiro plano, a gente conseguiu entregar uma performance acima do previsto. Tivemos um contratempo, uma volatilidade do mercado com as tarifas do [presidente dos EUA Donald] Trump em abril. Mas quando a janela voltou a abrir, a gente já tinha entregue os resultados do primeiro trimestre que foram muito fortes, com receita unitária subindo, aumento de capacidade.
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