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Guia em 12 tópicos tira dúvidas sobre Ozempic e Mounjaro – 26/08/2025 – Equilíbrio

Guia em 12 tópicos tira dúvidas sobre Ozempic e Mounjaro - 26/08/2025 - Equilíbrio


As canetas contra a obesidade transformaram um mercado que era repleto de produtos de baixa eficácia e dietas mirabolantes, mas essas medicações não chegaram isentas de dúvidas e desinformação. O uso indiscriminado por uma ilusão do emagrecimento fácil, o custo elevado e as dificuldades de mudança no estilo de vida são barreiras que a comunidade médica tenta reverter.

A Folha consultou os endocrinologistas Sérgio Vencio, assessor científico da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), e Cynthia Valerio, diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), para responder a algumas dúvidas sobre esses medicamentos.

1- Que tipo de profissional devo consultar para começar o tratamento?

O mais indicado é o endocrinologista, preparado para tratar condições como diabetes e obesidade. Clínicos gerais e outros especialistas que tenham experiência no tratamento da obesidade, como cardiologistas, também podem ser consultados. Por ser uma condição causada por diversos fatores, a obesidade pode demandar acompanhamento multidisciplinar, com a participação de nutricionistas, psicólogos e profissionais de educação física.

2- Quais são os medicamentos disponíveis no mercado?

Hoje, há três medicações injetáveis aprovadas no Brasil: a liraglutida (uso diário), a semaglutida e a tirzepatida (ambas de uso semanal). Essas moléculas são comercializadas em diferentes dosagens, preços e marcas, como Saxenda, Olire, Wegovy, Ozempic e Mounjaro.

3- Como as medicações funcionam?

Elas agem simulando substâncias que o corpo produz após a ingestão de alimentos, aumentando a sensação de saciedade. Normalmente, quem faz o tratamento tem menos vontade de comer, então come menos e perde peso. A liraglutida e a semaglutida são da classe de medicamentos análogos do hormônio GLP-1, enquanto a tirzepatida é um análogo duplo, que age nos receptores de GLP-1 e GIP — hormônios gastrointestinais que regulam o apetite e o nível de glicose no sangue.

4- Para quais casos as canetas emagrecedoras são indicadas?

Para o tratamento de diabetes tipo 2 e para o controle do peso em pessoas com obesidade ou com sobrepeso associado a pelo menos uma complicação, como hipertensão, colesterol alto, apneia do sono ou doença cardiovascular. A obesidade é diagnosticada pelo índice de massa corporal (IMC) acima de 30 kg/m2, e o sobrepeso, pelo IMC acima de 27. As canetas não são indicadas para pacientes com menos de 12 anos. A receita médica é obrigatória para comprar todas essas medicações.

5- Quanto peso é possível perder?

O emagrecimento varia conforme o remédio usado, a dose e a duração de cada tratamento. Os estudos indicam, em média, uma perda de 8% do peso corporal com a liraglutida após 56 semanas de tratamento, de 14% com a semaglutida após 72 semanas e de 20% com a tirzepatida após esse mesmo período. Vale ressaltar que nem todos os pacientes vão perder peso, mesmo seguindo as instruções.

6- Quem não pode usar?

Pessoas com alergia às substâncias, histórico pessoal ou familiar de câncer medular de tireoide e portadoras de neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (uma síndrome genética) não devem usar essas medicações.

7- Quais são os efeitos colaterais?

Os mais comuns são gastrointestinais, como náusea, constipação, diarreia e vômito, mas também podem ocorrer dor de cabeça, fraqueza e cansaço, entre outros sintomas. A flacidez da pele pode ser um efeito do emagrecimento acelerado associado a desidratação e déficit nutricional, especialmente se o paciente não tiver uma alimentação adequada ou não praticar exercícios de força regularmente.

8- Como é realizada a aplicação? Dói?

É subcutânea (na camada de gordura sob a pele), com auxílio de uma caneta aplicadora. Como a agulha tem só cerca de 4 mm, os pacientes não costumam relatar dor durante a injeção.

9- Quanto tempo dura o tratamento?

Depende do paciente. O tratamento pode ser contínuo ou o medicamento pode ser suspenso após a estabilização do peso —que leva de 6 a 12 meses em média— ou dos níveis de glicose em pacientes com diabetes.

10- O uso das canetas dispensa a necessidade de mudanças no estilo de vida?

Não. Elas devem ser vistas como ferramentas para auxiliar as pessoas a adotar uma alimentação equilibrada, e não como alternativas milagrosas. Manter bons hábitos alimentares e atividade física regular é a melhor forma de evitar o reganho de peso —o chamado “efeito sanfona”, comum quando os pacientes interrompem o tratamento abruptamente ou não efetivam mudanças no estilo de vida.

11- As versões genéricas ou similares são eficazes?

Hoje, apenas a liraglutida possui medicamento similar aprovado no Brasil. Os especialistas afirmam que a tecnologia e a eficácia são semelhantes às do remédio de referência. A patente da semaglutida, princípio ativo do Ozempic e do Wegovy, deve expirar em 2026, e laboratórios nacionais se preparam para a produção de medicamentos similares.

12- Estão disponíveis pelo SUS (Sistema Único de Saúde)?

Não estão disponíveis pelo SUS (Sistema Único de Saúde) a nível nacional. A liraglutida faz parte de protocolos de tratamento de casos específicos e graves de obesidade em centros de saúde do ES, GO, RJ, SP e DF. Recentemente, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) recomendou ao Ministério da Saúde não incorporar a semaglutida e a liraglutida no sistema público, sobretudo pelo alto custo das medicações.



Fonte: Folha de São Paulo

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