Durante muito tempo, falar de finanças no Brasil era sinônimo de banco. Filas, tarifas, papelada e uma experiência quase sempre travada pela burocracia. Mas esse cenário virou passado. A revolução das fintechs no Brasil não só transformou como lidamos com dinheiro — ela redesenhou o mapa do setor financeiro.
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E não foi só com bancos digitais. O boom das finanças envolveu uma verdadeira explosão de soluções:
- Apps de controle financeiro com inteligência artificial, como GuiaBolso e Olivia;
- Ferramentas de emissão de nota fiscal, como NFE.io e Dootax;
- Plataformas de antecipação de recebíveis para PMEs;
- Softwares de gestão tributária, RH e folha de pagamento;
- Aplicativos de investimento, seguros sob demanda e consórcios digitais
Tudo ficou mais simples, mais acessível — e, acima de tudo, mais focado no usuário, não na estrutura das empresas. Nomes como Stone, Inter, Nubank, PicPay, Warren, Conta Simples, Conta Azul, Mercado Pago e Cora provaram que era possível oferecer serviços de qualidade sem complicar a vida de ninguém.
Elas ensinaram o mercado a falar com clareza, eliminar taxas escondidas e facilitar o onboarding. O segredo? Colocar o cliente no centro. E mais do que isso: construir produto, marca e atendimento ao redor das necessidades reais dele.
Com esse foco na experiência do cliente, as fintechs dispararam: milhões de usuários, recordes de downloads, valuations históricos e manchetes diárias sobre os novos “unicórnios”.
Mas aí veio a segunda etapa da corrida. E toda maratona começa a cobrar preparo quando ultrapassa os 10 km.
Os ventos de 2024 trouxeram juros altos, menos capital de risco e mais pressão por rentabilidade. Algumas startups reduziram times. Outras pivotaram. Algumas fecharam as portas.
E o recado ficou claro: crescer rápido é ótimo — mas sustentar é o que diferencia as empresas que ficam das que somem. Ainda assim, o legado da transformação digital promovida pelas fintechs é indiscutível:
- O consumidor exige experiências simples, mesmo em serviços complexos;
- Soluções que antes eram exclusivas de grandes empresas agora cabem no bolso das PMEs;
- A inovação deixou de ser um diferencial — virou requisito.
E talvez o maior aprendizado seja este: crescimento precisa de propósito. Não basta atrair usuários. É preciso entregar valor real, com consistência e estrutura. Muitas das fintechs de sucesso não estavam apenas “vendendo mais fácil” — estavam resolvendo melhor.
O que isso ensina para os negócios?
- Simplicidade é diferencial. Produtos complexos com interfaces confusas não sobrevivem.
- Escalar é ótimo. Sustentar, melhor ainda. Crescimento sem base não se mantém.
- Experiência é entrega, não aparência. O design ajuda, mas o cliente quer clareza e agilidade.
- Todo negócio que lida com dinheiro precisa pensar como tech. Mesmo que não seja uma fintech.
No fim das contas, o que o usuário quer não é uma revolução bancária. Ele quer que o boleto caia no dia certo. Que o cartão funcione. Que o extrato faça sentido. E que o app responda na hora. Simples assim.
Quem conseguir entregar isso com constância, agilidade e inteligência… não só cresce. Constrói uma marca para durar.
*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, o posicionamento do Economia Real.
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