Polilaminina ajuda a recuperar movimentos de lesão medular – 16/09/2025 – Equilíbrio e Saúde
Desde a divulgação pública do medicamento polilaminina, que se mostrou capaz, segundo pesquisas científicas iniciais, de reverter sequelas de lesão medular, criou-se uma comoção em torno de possíveis recuperações de pessoas tetraplégicas e paraplégicas ao redor do mundo, além de diversos questionamentos a respeito do fármaco.
A descoberta, feita pela pesquisadora brasileira Tatiana Coelho de Sampaio, professora doutora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), com auxílio de uma equipe multidisciplinar, demorou 25 anos para ganhar publicidade e aguarda tratativas com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para novas fases de estudos.
Basicamente, a polilaminina, extraída da placenta, é capaz de estimular neurônios maduros, que não iriam mais se desenvolver, a rejuvenescerem e a criarem novos axônios —fios extremamente finos que transportam os impulsos elétricos pelo corpo.
Atualmente, o laboratório brasileiro Cristália mantém o desenvolvimento científico da medicação e afirma estar preparado para atender o país e o mundo quando as comprovações necessárias forem devidamente postas. Já houve investimento de R$ 28 milhões na iniciativa.
Eu já posso ter acesso à polilaminina?
Não. O medicamento ainda está em fases finais de estudo e uma das etapas mais importantes, a do teste clínico amplo, ainda está em tratativas com a Anvisa para ser autorizado.
Posso ser um voluntário para a aplicação?
Apenas pessoas que tiverem diagnóstico de lesão medular aguda, acontecida em no máximo quatro dias, poderão se voluntariar. Só depois de tudo aprovado, o laboratório Cristália irá divulgar as regras e condições para participar do estudo.
Onde e como serão as aplicações?
Hospitais credenciados farão a aplicação do medicamento em um procedimento direto na medula. Já estão previamente credenciados o Hospital das Clínicas e a Santa Casa de São Paulo, mas outros também devem entrar no experimento.
Quem teve lesão há mais tempo poderá se beneficiar da polilaminina?
Os estudos apontam para resultados promissores, com retomada de movimento, também em pessoas com lesões mais antigas, mas, neste momento, os esforços científicos estão voltados para pacientes com lesões agudas. Não há possibilidade de se voluntariar nessas condições, agora. Uma outra frente de pesquisa está a caminho, mas levará mais tempo.
Em quanto tempo o medicamento estará disponível?
Serão necessários, no mínimo, mais três anos de testes para que o medicamento, se totalmente aprovado, comece a chegar aos hospitais
Todos os pacientes do estudo recuperaram totalmente os movimentos?
Não. O efeito da polilaminina varia de pessoa para pessoa e com a reabilitação do paciente. Seis dos oito voluntários da pesquisa tiveram ganhos. O caso mais emblemático foi do chamado “paciente zero”, Bruno Drummond de Freitas, 31, que, com diagnóstico de tetraplegia, voltou a andar normalmente
Voluntários com lesões mais antigas também melhoraram?
Sim. Um dos casos é o da atleta Hawanna Cruz, 27, tetraplégica, que ganhou mais controle do tronco e movimento nos braços. Ela também afirma ter ampliado a sensibilidade intestinal e urinária. Em cães —pesquisa mais adiantada— os resultados foram tidos como impressionantes.
O medicamento vai ser comercializado ou ficar disponível no SUS?
Ainda não existe valor para a polilaminina. O laboratório Cristália afirma que é de seu interesse produzir um medicamento de cunho social e que pretende, quando todos os processos estiverem prontos, negociar com o governo para a incorporação ao SUS.
A Anvisa pode não liberar novas fases para o medicamento?
Sim. Caso sejam detectados riscos importantes aos pacientes, não há como o estudo avançar.
A eficácia é 100% garantida?
Trata-se de um estudo científico promissor e com resultados que, até agora, impressionaram especialistas de várias áreas, mas apenas no final das análises é possível atestar a eficácia de forma definitiva.
O medicamento já é patenteado?
A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a Cristália têm a patente, que foi concedida neste ano.
Há risco aos pacientes?
Os testes realizados até agora mostraram que o medicamento é seguro, mas ainda é preciso um estudo mais amplo, o que está a caminho.
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