Tensão no Oriente Médio ameaça preço dos combustíveis e taxa de juros
O petróleo em alta traz efeitos negativos para empresas com custos atrelados ao combustível, além de custos logísticos para a cadeia produtiva como um todo.
Matheus Amaral, especialista de renda variável do Inter
Preços dos alimentos também tendem a subir. Além do petróleo e do minério, a manutenção das tensões e da valorização do dólar a longo prazo vai atingir diversos produtos essenciais que aparecem na mesa das famílias. Entram na relação commodities como o café, o açúcar, o arroz, o feijão e a farinha, usada para a fabricação de pães, massas e biscoitos.
A alta do petróleo tende a ter efeito de segunda ordem em diversas cadeias produtivas, pois ele é insumo direto em energia e transporte. Commodities agrícolas são particularmente sensíveis, dado que fertilizantes, defensivos e combustíveis representam parcela expressiva do custo de produção.
Hugo Garbe, professor do CCSA (Centro de Ciências Sociais e Aplicadas)
Efeito na inflação interromperá momento positivo. O alastramento do conflito e o eventual impacto no bolso dos consumidores brasileiros podem surgir diante da atual perda de força da inflação. No mês passado, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ficou abaixo das expectativas. Para este mês, a queda da gasolina tende a interromper a alta da energia elétrica.
Reajuste aos motoristas ainda levará um tempo. Como os combustíveis no Brasil são administrados pela Petrobras, a política de reajuste depende do aval da estatal, o que não acontece instantaneamente, conforme políticas adotadas no passado. “Por mais que a Petrobras espere para ver se as tendências vão se manter, caso o conflito persista, inevitavelmente uma hora ela terá que repassar [a alta do petróleo] para o preço dos combustíveis”, diz Souza.
Juros elevados
Conflitos atingirão ciclo da taxa básica de juros. Conforme as expectativas atuais do mercado financeiro, a trajetória de alta da taxa Selic será interrompida na próxima semana. Ainda assim, o cenário internacional adverso pode abrir margem para novas elevações dos juros básicos, atualmente no maior patamar desde 2006 (14,75% ao ano).
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