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Transtornos alimentares além da anorexia e da bulimia – 18/09/2025 – Não Tem Cabimento

Transtornos alimentares além da anorexia e da bulimia - 18/09/2025 - Não Tem Cabimento


Os transtornos alimentares que têm descrição no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) são os mais comuns no Brasil: anorexia, bulimia, compulsão alimentar e, recentemente, o TARE (Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo). Entretanto, nem todos têm relação direta com a autoimagem, como indica reportagem anterior.

O TARE, por exemplo, pode se dar a partir de experiências traumáticas com determinados alimentos ou dificuldade em lidar com texturas. A nutricionista Andréa Vargas, do Ambulim, diz que a rigidez associada à variedade de alimentos que uma pessoa com esse transtorno consome pode facilitar a aceitação de itens ultraprocessados, que têm sempre as mesmas características.

A nutricionista diz que esse transtorno pode ser confundido com a anorexia nervosa, pois há tendência à perda de peso e a desnutrição. “Diferente de pessoas com anorexia, esses pacientes não têm problemas com sua imagem, mas com o alimento em si”, diz. Como exemplo ela cita o programa Chato Para Comer, do GNT: “há pessoas sem diagnóstico”. Ela diz haver poucas informações sobre o manejo do TARE.

O psiquiatra e especialista em sono Ricardo Camargo, do Grupo de Estudos em Comer Compulsivo e Obesidade (GRECCO), diz que a Síndrome do Comer Noturno é outra doença que não tem a ver com a imagem corporal. “A pessoa levanta várias vezes durante a noite para comer”, diz. Além de haver similaridade com a compulsão alimentar, a pessoa pensa ter dificuldade para dormir, o que pode dificultar o diagnóstico. Neste caso o sofrimento decorre de não conseguir controlar o impulso de comer. O primeiro prejuízo causado pela síndrome é o cansaço, que atrapalha a rotina do paciente.

“Nos transtornos alimentares a comorbidade psiquiátrica é a regra”, diz Ricardo. Em geral, as doenças associadas são transtorno de ansiedade, de humor, de personalidade e depressão.

Outro transtorno alimentar pouco conhecido é o PICA, em que a pessoa ingere coisas que não são alimentos, como um sabonete, por exemplo. O hábito pode causar problemas gastrointestinais, o que se assemelha com bulimia ou anorexia purgativa. O tratamento, nestes casos, é multifatorial e precisa compreender o que gera o impulso para comer. “O comportamento é reflexo da busca por um alívio; se a pessoa encontrou alívio em determinada ação, ela repete”, diz Andrea.

O transtorno de ruminação, em que a pessoa apenas mastiga os alimentos, sem os engolir, por medo de ganhar peso, também é um transtorno que pode gerar problemas gastrointestinais, assim como dificuldade de deglutir e machucados no sistema gastro. É algo que compromete a qualidade de vida, explica Andrea: tudo tem que ser muito planejado e, se algo sai do controle, afeta a vida da pessoa.

Há, também, os transtornos alimentares não especificados, em que há um sofrimento com a alimentação, mas não necessariamente atende a todos os critérios diagnósticos do DSM-5. A ortorexia —busca por uma alimentação excessivamente saudável— não tem descrição no Manual e se aproxima mais do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo).


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Fonte: Folha de São Paulo

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